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quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Morro de São Paulo | Bahia

Falar de um lugar paradisíaco, com praias de mar calmo e águas mornas e cristalinas, com piscinas naturais e recifes de corais, que alternam entre a cor verde e o azul turquesa, cardumes de peixes e animais marinhos... A descrição pode remeter a qualquer lugar do Caribe. Só que não!


Trata-se de Morro de São Paulo, um paraíso localizado no litoral sul da Bahia,  na Ilha de Tinharé, município de Cairu, também conhecida como Costa do Dendê (nome de origem indígena, que significa “águas do além”).
Fonte: http://www.bahia-turismo.com/mapas/costa-dende.htm

Localizado a cerca de 60 quilômetros a sul de Salvador/BA, Morro de São Paulo oferece, além das belíssimas praias, com cenários deslumbrantes - que você a todo o momento quer fotografar - uma excelente infraestrutura com boas pousadas, restaurantes, atrações turísticas, um pequeno comércio e passeios diversos pela região ou nas ilhas próximas.

Pra se situar melhor...
Primeira, Segunda, Terceira, Quarta, Quinta... praia. As praias são chamadas por números. Você nem precisa contar até 10 (desculpe o trocadilho... hehehe!).

Partindo de Salvador, a viagem pode ser feita por via aérea (se fretar um monomotor), de barco (pegar um catamarã no Terminal Turístico do Mercado Modelo) ou de carro (você pega um ferry boat até a Ilha de Itaparica, a seguir pega a BR 324 até a BR 101 até Nazaré/Valença. De lá você pega um barco ou uma lancha).
Ainda em Salvador, no Terminal Turístico do Mercado Modelo

Nós optamos pelo catamarã da Biotur (fechamos um transfer aeroporto-Terminal Turístico Mercado Modelo + catamarã ida e volta).
Salvador ficando pra trás...
O catamarã comporta um pouco mais de 100 passageiros e há espaço pra bagagem. É uma viagem em mar aberto, com duração entre 02:30 e 03:00 horas, dependendo das condições do mar. 

O catamarã

Atenção: se você for muito sensível e costuma enjoar melhor adotar outra opção de transporte, porque a embarcação balança um pouco. Na ida, o mar estava calmo e a viagem foi bem tranquila e ninguém passou mal (pra garantir, eu tomei um remedinho pra enjoo). 


A volta, diferente da ida, foi um tormento, pois o mar estava muito agitado, com o barco contra a maré e balançou demais! Muita gente passou mal e até desmaiou. Foi uma agonia sem fim. Em suma, a volta para muitas pessoas nesse dia foi um pesadelo. Nós resistimos bem, mas não foi fácil ver homens, mulheres e crianças passando mal.

Dica de sobrevivência: ficamos nos fundos do Catamarã (mesmo com o cheiro do diesel), pra pegar um vento no rosto e minimizar o desconforto. Tínhamos lido algumas dicas que para não enjoar: olhar sempre para um ponto fixo. Deu certo! Em compensação, viajamos três horas de pé e num sol escaldante. O medo de ficar mareado era tanto, que a gente não conseguia olhar para os lados, nem que seja pra checar o celular. Resistimos bem, mas não foi fácil! Outra recomendação: antes da viagem faça uma refeição leve. 
Essa definitivamente é uma viagem para os fortes (hehehe). Se não for o seu caso, melhor ir de carro (apenas uma parte da viagem), alugar uma lancha (que é mais rápido e não balança tanto) ou fretar um teco-teco.

O porto. É por aqui que chegam as embarcações
Quando você planejar sua viagem até Morro, e importante pensar na quantidade de bagagem, porque não existem meios de transporte convencionais como táxis, ônibus, etc. Pra chegar às praias, é uma boa caminhada, com um sobe e desce nas ladeiras, alternando com pista pavimentada ou com areia.  Mas existe UMA alternativa! Um transporte nada convencional, os famoso"táxis" (leia-se carrinhos de mão apenas para a sua bagagem).

Eis os "táxis". Carrinho de mão!
Assim que o catamarã chega, uma enxurrada desses “táxis” já estão ali, insistindo a todo custo para conseguir um passageiro, digo, umas bagagens. Nós dispensamos o serviço, mas ouvimos que custa em torno de 10,00/20,00 reais pra levar sua bagagem até a pousada (só não sabemos dizer até que distância).

Antes de entrar na cidade, você deve pagar uma taxa de 15,00 reais por pessoa. Trata-se de uma Taxa de Preservação Ambiental. Essa taxa tem a finalidade exclusiva para controle, proteção e preservação do meio ambiente, e foi instituída pela prefeitura do local em 2013.


O comecinho da primeira ladeira...
O porto ao fundo, e a ladeira com uma escadaria ao lado

"táxi" em atividade
Definitivamente Morro de São Paulo não é pra gente preguiçosa! Se você não tem esse perfil e gosta de explorar – e olha que há muita coisa pra se fazer e a pé – você não irá se importar nem um pouco.



Biquínis, chapéus, souvenirs... Têm tudo aqui!
Assim que você sobe a ladeira, logo vê uma praça, uma igreja, a trilha para o Farol do Morro, e a principal rua do comércio local.


As vias foram pavimentadas recentemente com lajotas encobrindo a areia. A mudança foi bem polêmica na época.


O trecho entre Primeira Praia e a Segunda Praia ainda é de areia (difícil arrastar uma mala ali, viu?). Comparando, achamos que ficou muito bom! Prova de que benfeitorias que não descaracterizem a paisagem podem trazer benefícios e valorizar mais um local. 

Segunda Praia: parece uma piscina gigante com seus arrecifes de corais
A Segunda Praia é a primeira que você avista logo que desce a última ladeira e logo se deslumbra. Na hora você saca sua máquina fotográfica. É a praia mais movimentada, com uma excelente infraestrutura (restaurantes, bares, pousadas, redes armadas para vários esportes de praia e barraquinhas de drinks com frutas variadas). Lá não tem calçadão, mas tem um passarela de madeira, que deixou o local ainda mais bonito.

Deck da Segunda Praia: repleto de restaurantes, bares e pousadas de ponta a ponta
Agora se você quer sossego, melhor escolher seu hotel ou pousada na Terceira ou na Quarta Praia. Nós ficamos hospedados na Segunda Praia, na Pousada Club do Balanço, uma delícia de pousada, com instalações novas e atendimento muito atencioso dado ora pela própria dona da pousada, uma capixaba muito simpática e preocupada com nossa estada.

 


Nossa primeira refeição foi num restaurante de uma pousada da Segunda Praia. Tínhamos lido que a lagosta grelhada é um dos pratos mais populares e com preços relativamente aceitáveis. Acabamos sucumbindo a outro prato com lagosta, que estava delicioso!

Filé de lagosta ao molho de leite de côco e gengibre com arroz de banana e passas
Caipirinhas e drinks exóticos. Você encontra na Segunda Praia, nessas barraquinhas logo que anoitece...

Ilha da Saudade, entre a Segunda e Terceira Praia
Quase todas as pousadas têm restaurante e eles são abertos ao público. Nosso jantar foi uma deliciosa pizza do Chez Max Cozinha Romana, que é anexo à Pousada Chez Max, na Terceira Praia.


1/2 marguerita 1/2 aliche
Pra chegar à Terceira Praia, você praticamente “dobra a esquina”, após atravessar um deck de madeira. 
A maré baixa
 

É uma praia sem o agito da Segunda, mas em compensação, tem boas pousadas e restaurantes com vista para o mar.

Tenda da Pousada Minha Louca Paixão. Fica na Terceira Praia.
A faixa de areia dessa praia é estreita, e quando a maré sobe, fica quase intransitável, o que faz com que você tenha que subir num lugar mais alto. Problema algum!


Terceira Praia
As praias de Morro não têm conchas, mas em compensação, tem siri mole. Se você prestar atenção durante sua caminhada na areia, irá notar vários buraquinhos na areia. Ali tem um sirizinho escondido.



Já a Terceira Praia é um dos pontos preferidos pra mergulho e caiaque, e é também ponto de partida para passeios em vários pontos e em outras ilhas do arquipélago (há aluguel de equipamentos por ali).

Carrinho de salada de frutas do Sr. Nestor, puxada pelo seu jegue Malhado. Aqui, comemos uma salada de frutas deliciosa!
Mais sossegada ainda, é a Quarta Praia. Com 8 quilômetros de extensão, é a maior praia de Morro de São Paulo. Essa foi a praia que mais gostamos. Longe da agitação, ali é praticamente você e a natureza. Um longo trecho com uma grande barreira de corais formam diversas piscinas naturais, o que garante uma água morna e cristalina, perfeita pra relaxar e nadar com cardume de peixinhos. É entrar na água para você ter a companhia deles.  

O mar está pra peixe e eles gostam de côco verde!

Graças às dicas de um vendedor de côcos nessa praia, fomos conferir. Ele disse que assim que a maré baixa, a partir das 10:00, formam-se diversas piscinas naturais e cardumes de peixes ficam por ali. Até umas 17:00 horas dá pra aproveitar, quando a maré começar a subir.



Assim, com vários pedaços de côco verde nas mãos, descobrimos que o mar estava pra peixe!


Foi uma experiência incrível estar dentro d´água com peixes te rodeando e nadando tranquilamente. Gostamos tanto da experiência que repetimos duas vezes.

É nessa praia que fica a llha de Caitá, uma ilhota rodeada por corais, e o mais incrível, com um único coqueiro!

A Ilha de Caitá e seu único coqueiro. Espetacular!
Essa praia, na medida que você vai se afastando, vai ficando deserta. Hotéis, pousadas e restaurantes vão ficando cada vez mais um longe do outro. Num dado ponto, você não vê mais nada, ninguém! Num dado momento é raro cruzar com alguém na longa faixa de areia. Ali, é só você e a natureza.

Almoçamos num restaurante muito bacana, o Pimenta Rosa.

Filé de peixe grelhado na bananeira, recheado com farofa de camarões e arroz de côco fresco

Camarão com molho de côco, açafrão, ervas e gengibre com banana da terra e arroz

Quarta Praia

Depois da Quarta Praia - se você tiver disposição, claro - você chega à Quinta Praia ou Praia do Encanto, como também é conhecida. Com mais de 1600 metros de extensão, é a praia mais isolada do Morro. Se você quiser se aventurar a percorrer todo o trecho da Quarta Praia pra chegar até a Quinta, além da disposição, você vai precisar de um kit de sobrevivência, com água mineral, chapéu, óculos, protetor solar, etc.

Caravela portuguesa ou garrafa. Elas são extremamente perigosas, e basta um pequeno toque para causar sérias queimaduras. É bonita, mas se afaste!
Lembre-se não há transporte, a não ser o feito por charretes (oferecido pelas pousadas dessa praia), tampouco bar ou restaurantes a beira mar, ou vendedor de côcos. Alguns hotéis e pousadas a beira mar possuem restaurantes abertos ao público. Caminhamos apenas um pequeno trecho dessa praia, pois estávamos com o tempo bem escasso, mas foi suficiente pra notar o paraíso, um pouco isolado, quase intocado.

Morro de São Paulo não se resume em praia. Você pode saber um pouco da sua história conhecendo os monumentos históricos.

Ruínas do Forte de Morro de São Paulo

O primeiro ponto turístico que você vê, ainda no catamarã são as ruínas do Forte de Morro de São Paulo.


As ruínas do forte, de 1630, foram tombadas pelo Patrimônio Histórico Nacional e hoje servem de mirante. Uma das atrações é assistir o pôr do sol.

 


O local está em ruínas, literalmente, achamos o lugar bem perigoso, e deveria passar por uma manutenção urgente, pois há várias partes da estrutura que correm o risco de desabar a qualquer momento.

 
 


Outro ponto turístico é o Farol de Morro de São Paulo. O farol começou a ser construído em 1848, e somente em 1855 ele foi concluído. O farol está em atividade e é aceso todos os dias às 18:00 horas.

Pra chegar, e só seguir uma trilha, que fica em frente a igreja Nossa Senhora da Luz (1845), na Praça Aureliano Lima.


Nossa Sra. da Luz é a padroeira de Morro de São Paulo
Nessa mesma praça, você também verá um grande Casarão. Dom Pedro II ficou aqui quando visitou Morro em 1859.

O Casarão






A trilha pra chegar ao Farol
Farol do Morro de São Paulo (1855)
É aqui que fica a famosa tiroleza, que dizem ser a maior dentro d´água da América Latina. Desse ponto você tem uma vista  privilegiada da Primeira, Segunda e um pedaço da Terceira Praia, rendendo boas fotos.
Atalho pra chegar na Primeira Praia. Tem coragem?

Primeira, Segunda, Terceira...

Outro ponto turístico é a Fonte Grande (1746). Trata-se de um antigo reservatório de água, considerado o mais moderno e complexo do período colonial.

Fonte Grande
Tudo isso ai nós exploramos num final de semana. Mas uns 10 dias é possível aproveitar e conhecer bem Morro de São Paulo, sempre pressa, e dá até pra ir mais além, como por exemplo, pegar um barco e ir até outras ilhas - Boipeba, Gamboa ou Garapuá - que disseram ser também espetaculares.

Por fim, quando acaba, você fica se perguntando como pode existir um lugar, tão lindo e tão perfeito, ao mesmo tempo em que já começa a sentir saudade. Daí, faz muito sentido e não é à toa que camisetas, chaveiro, cangas, etc., estampam: "já Morro de saudade".

4 comentários:

  1. Nossa, estive lá há treze anos, como mudou .. e que bom que gostou, daqui a pouco vai querer ir pro Caribe! kkk bjs !!

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    Respostas
    1. Olá, Thaís!
      Que legal você por aqui... ;)

      E então, você viu muitas diferenças quando esteve lá há 13 anos (nossa, faz tempo, hein?).

      Caribe? Quem sabe. Morro de São Paulo foi um ótimo ensaio.

      Beijos!

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  2. Me arrisco a dier que Morro é o Caribe brasileiro. São tantas nuances, tantos detalhes. Sem dúvida um destino incrivel e subestimado. Amo !!!!!

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    Respostas
    1. Olá, tudo bem?
      Também arrisco que é o Caribe brasileiro e subestimado. Mas pensando bem, melhor ficar assim, porque se populariza estraga. E infelizmente muitos, mas muitos não sabem valorizar, cuidar, preservar...

      Um grande abraço!

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